23 de novembro de 2025

Estado do Brasil vive boom de pneumonia e casos quase triplicam em três anos

Internações por pneumonia crescem anualmente desde o fim da pandemia no estado de São Paulo. É o que mostram dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Saúde ao jornal folha de São Paulo. Os dados contabilizam casos de janeiro de 2022 a agosto de 2025 em toda rede SUS do estado. Eles mostram que os procedimentos clínicos nas unidades de baixa complexidade quase triplicaram durante o período, enquanto as internações cresceram 20%. Três especialistas consultados pela reportagem confirmam o avanço da doença, e dizem que ele ocorre em nível nacional. Eles apontam ainda para um crescimento de casos graves da doença e do avanço da pneumonia silenciosa, um tipo que oferece menos sintomas nos dias iniciais, o que pode agravar as complicações. Os dados sobre internações mostram que, em 2022, 104.125 procedimentos foram realizados. No ano passado, o número avançou para 125.515 -trata-se do último ano com registros completos dos 12 meses. O aumento percentual é de 20.54%.Veja na tabela abaixo. Em 2025, 79.549 pessoas foram internadas até o fim de agosto, aumento também na casa dos 20% comparado com igual período de 2024. A tabela de atendimentos da doença é ainda mais alarmante. Em 2022, o estado atendeu 52.010 casos de pneumonia. Em 2024, 132.896, elevação de 155%. Esse número deve ser superado em 2025: até agosto, os atendimentos somaram 122.808. Há múltiplas causas para esse aumento expressivo, avaliam especialistas. Fatores comportamentais e de saúde pública, como o uso de cigarros eletrônicos e a redução dos índices de vacinação são alguns exemplos. "Superada a pandemia, demos uma relaxada com os cuidados sanitários, como a higiene e o uso de máscaras. Há também estudos que sugerem que nossa imunidade está mais baixa desde então, possibilitando um adoecimento maior", explica Bernardo Mulinari Pessoa, mestre em saúde pública pela Johns Hopkins University e coordenador de cirurgia torácica do Hospital Santa Cruz, em Curitiba. Segundo o médico, há também outras cepas da pneumonia resultando em casos mais graves do que a doença comum -geralmente causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae. As principais são a Mycoplasma pneumoniae e a Micobactéria não tuberculosa, afirma Pessoa. "Cepas que não manifestam os sintomas da pneumonia típica, como febre, tosse e dor no peito, são tratadas como gripe. As pessoas se automedicam e descartam a ida à unidade de saúde, o que agrava a doença", diz Pessoa.