Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 285 milhões de pessoas no mundo apresentam algum grau de deficiência visual, sendo que de 60% a 80% dos casos poderiam ser evitados ou tratados com o diagnóstico precoce. Entre os sinais de alerta que indicam possíveis problemas de visão estão a perda súbita ou progressiva da acuidade visual (central ou periférica), áreas de sombra no campo visual, visão borrada, dificuldade de focar e distorção de imagens como linhas retas que parecem onduladas. “Mesmo que a visão pareça normal, o paciente pode estar desenvolvendo uma doença ocular grave e silenciosa. O glaucoma é um exemplo clássico disso. Quando os sintomas surgem, muitas vezes o dano já é irreversível”, explica o oftalmologista Dr. Luiz Guilherme Caprio da AME Carapicuíba, unidade gerenciada pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP). Segundo ele, para evitar complicações, é importante estar atento à frequência ideal dos exames oftalmológicos, que podem variar de acordo com a idade e fatores de risco. Para adultos sem sintomas, a American Academy of Ophthalmology recomenda avaliações completas a cada 5 a 10 anos antes dos 40 anos; a cada 2 a 4 anos dos 40 aos 54; de 1 a 3 anos entre os 55 e 64 anos; e anualmente ou a cada dois anos a partir dos 65 anos. “Pacientes com histórico familiar de glaucoma, diabetes ou prematuridade devem passar por consultas com maior regularidade.” O médico destaca que os cuidados precisam começar cedo, ainda na infância. “O exame do reflexo vermelho ao nascimento é indispensável. A partir daí, novas triagens são indicadas entre 6 meses e 1 ano, entre 3 e 5 anos e, depois, periodicamente até a adolescência. Os problemas mais comuns na infância são os erros refrativos (miopia, hipermetropia, astigmatismo), a ambliopia, o popular ‘olho preguiçoso’ e o estrabismo.” O comportamento das crianças pode indicar dificuldades visuais. Sinais como desinteresse por estímulos visuais, dificuldade para reconhecer rostos, olhar torto, evitar a luz ou não focar diretamente em objetos exigem atenção. “Muitas vezes, as crianças não conseguem expressar o que sentem. Por isso, é importante que os pais observem e que a triagem oftalmológica faça parte da rotina de cuidados desde cedo”, alerta o especialista. Outro fator é o uso excessivo de telas. Embora não cause danos permanentes, pode provocar sintomas como olho seco, dor de cabeça e visão borrada. “Em crianças, o tempo prolongado em frente a dispositivos eletrônicos tem sido associado ao aumento da incidência de miopia, especialmente quando há pouca exposição à luz natural. A recomendação é limitar o uso de no máximo 1 a 2 horas diárias, principalmente nos primeiros anos de vida”, orienta. Já na terceira idade, manter a saúde ocular envolve uma série de cuidados, como consultas regulares, controle rigoroso de doenças crônicas (como diabetes e hipertensão), alimentação equilibrada, uso de óculos escuros com proteção UV e adesão rigorosa aos tratamentos indicados para doenças já diagnosticadas. “A visão na terceira idade pode ser preservada com acompanhamento e mudanças simples no estilo de vida”, reforça o oftalmologista. Exames como a acuidade visual, tonometria, fundoscopia, avaliação do campo visual e da motilidade ocular são fundamentais para a detecção precoce de doenças. A alimentação também tem um papel importante. Nutrientes como luteína, zeaxantina, vitaminas A, C e E, ômega-3, zinco e fibras estão associados à menor incidência de catarata, DMRI e retinopatia diabética. Já dietas ricas em gorduras saturadas, açúcar e ultraprocessados tendem a agravar o risco de doenças visuais. Outro ponto que o médico ressalta são as variações sazonais. “No verão e no inverno, o cuidado com os olhos deve ser redobrado. Óculos com proteção UV 400 e chapéus de aba larga são aliados contra a radiação solar. Já em ambientes com ar-condicionado, deve-se manter a umidade do ar e usar colírios lubrificantes quando necessário.” Folhapress
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