30 de junho de 2012

Governo Municipal do Estado de São Paulo quer proibir distribuição de comida nas ruas

Moradores de rua do Centro de São Paulo reagiram indignados à notícia de que o governo Gilberto Kassab (PSD) pretende proibir ongs e entidades filantrópicas de distribuir sopa às pessoas que vivem em calçadas, praças e baixos dos viadutos. A proibição foi anunciada pelo Secretário de Segurança Urbana do município, Edson Ortega, durante reunião com o Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) e a Associação Viva Centro. Segundo ele, a prefeitura permitiria a distribuição apenas nos albergues. Quem desobedecesse seria enquadrado criminalmente. Na quinta-feira, diante da repercussão negativa, Kassab recuou, afirmando que a ameaça do secretário faria parte de um processo de “convencimento” das entidades. A Rede Brasil Atual percorreu na quinta à noite os arredores do Largo São Francisco, do Pátio do Colégio e da Praça da Sé. As pessoas que esperam o dia passar para que a noite chegue – e a comida vinda de mãos solidárias seja recebida – receberam a informação com surpresa.  O Kassab tirar a nossa comida? Ele não é louco de fazer isso. É a única ajuda que a gente recebe. Ele já não dá um trabalho pra gente. Agora tirar a comida que nem é ele que oferece, aí não! Só se ele estiver usando drogas pra fazer isso aí, criticou Paulo Roberto Alves Campos, de 26 anos. Segundo alguns moradores, essa não seria a primeira investida de Kassab contra as entidades que distribuem alimento nas ruas. O Kassab já tentou várias vezes intimidar esse pessoal que traz comida pra gente, tentando multar os carros que trazem a comida. Isso é de longa data. A cultura do nosso país é essa. Uma cultura medíocre, diz o paraibano Marconi José da Silva. A algumas quadras de onde estavam os moradores que vivem entre o Pátio do Colégio e a Praça da Sé, um senhor de 70 anos, acompanhado de um ajudante e da imagem de uma santa, distribuia pães em frente ao Largo de São Francisco, local que, após a investida policial para dispersar os usuários de crack da região da Luz, no começo deste ano, passou a abrigar um grande número de moradores de rua e usuários de droga. Carlos Borges, um português de sotaque carregado, se disse assustado quando soube pela reportagem sobre a possibilidade de a entrega da comida ser proibida.  Eu já passei muita fome. Quem nunca passou fome não sabe o que é isso. A fome é negra. Esse senhor Kassab não sabe o que é passar fome diz Borges, que há 53 anos distribui pães pelas ruas da cidade. Já Alexandre dos Santos, de 37 anos, acredita que a eventual proibição possa aumentar os casos de roubo na cidade. Segundo ele, se a distribuição da sopa, as pessoas podem começar a roubar para comer. “Se tirarem essa comida do povo daqui, esse tipo de roubo vai voltar a acontecer”, lamentou Santos, que é ex-serralheiro. Ivone Cândido, de 40 anos, que é catadora de material reciclável e vive nos arredores do Pátio do Colégio, diz que recebe a comida sempre que precisa. Mas muitas vezes prefere dar seu lugar e seu prato a uma pessoa mais velha que ela. Ela conta que esse foi o jeito que encontrou para ajudar o próximo. “Diferente do Kassab, que não ajuda ninguém”, criticou. “Mas se Deus quiser esse ano ele sai da prefeitura. Só tomara que não venha um pior que ele”, enfatiza. Foto/Fonte: www.correiodobrasil.com.br

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